sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Uso de vitaminas em depressão.

Artigo completo : 
 
Por , Prof.Dr. José de Felippe Junior
I- Depressão e a cafeina e o açucar 

 21-Em trabalho duplo cego , randomizado e controlado com placebo , 16 pacientes com sintomas de depressão, dores de cabeça,humor deprimido e fadiga passaram a consumir durante 2 semanas uma dieta livre de cafeína e livre de açúcar refinado .Os pacientes que melhoraram receberam sequencialmente de um modo duplo cego : cafeína,placebo com celulose, Kool-Aid adoçado com sacarose e Kool-Aid adoçado com aspartame por 6 dias cada um. Sete pacientes apresentaram o retorno dos sintomas com as alterações de humor quando receberam a cafeina ou a sacarose , porem ,mantiveram-se sem sintomas quando receberam a celulose ou o aspartame.Aqueles que responderam e aqueles que não responderam não puderam ser diferenciados pelo “Profile of Mood States”ou “Beck Depression Inventory”ou “MMPI , e ambos os grupos apresentavam sintomas semelhantes quanto aos distúrbios do sono,depressão,fadiga,irritabilidade e alterações do humor. Christensen L J Appl Nutr 40(1):44-50,1988.

II- Depressão e deficiência de ácido fólico .A depressão é sintoma comum do quadro clínico de deficit de folato .

 22-Em trabalho duplo cego e randomizado,24 pacientes com depressão maior (DSM III) , folato na hemácia < 200 mcg/l , sem significativo impedimento cognitivo e sem deficit de vitamina B12,receberam randomicamente ou 15 mg de metilfolato ou placebo EM ADIÇÃO AOS ANTIDEPRESSIVOS HABITUAIS . Após 3 e 6 meses de observação houve significantes diferenças entre os dois grupos com os melhores “scores “ sendo observados no grupo que recebeu o folato.Godfrey PSA Lancet 336:392-95,1990.

 23-Em trabalho duplo cego, 42 pacientes com disturbios afetivos e que estavam recebendo litio foi utilizado diariamente por 1 ano ou placebo ou 200mcg de ácido fólico. A análise dos resultados combinados dos grupos placebo e ácido fólico para os pacientes unipolares revelou que aqueles que atingiram altas concentrações de folato nas hemacias apresentaram os melhores resultados clínicos,com uma redução significante do score AMI (superior à 40% ).Coppen A. J Affective Disord 10:9-13,1986. Em trabalho de revisão ,Botez sugere que os únicos casos de depressão que respondem ao ácido fólico são aqueles que apresentam como um dos sintomas principais a “ “fadiga frequente e

III- Depressão e deficiência de piridoxina. A piridoxina funciona como coenzima na produção dos neurotransmissores monoamina., sendo também necessária para a conversão do triptofano em serotonina . Estudo de observação mostrou que em 7 pacientes deprimidos os níveis de fosfato de piridoxal estavam 48% mais baixos quando comparados com o controle.Quando se utilizou método mais sensível de diagnóstico de deficit de B6 todos os pacientes deprimidos estavam deficientes e nenhum dos controles apresentavam deficit. Russ CS Nutr. Rep.Int 27(4):867-73,1983.

Artigo de revisão mostra mais uma vez que os estrogenos bloqueiam a atividade da piridoxina e aceleram o metabolismo do triptofano , diminuindo a produção de serotonina.A suplementação com estrogenos pode provocar aumento da excreção de triptofano,como acontece na deficiencia de piridoxina.Mulheres que usam pilulas anticoncepcionais podem apresentar diminuição dos níveis de B6 e disturbios do metabolismo do triptofano os quais podem ser responsáveis pela depressão,ansiedade, diminuição da libido e intolerância à glicose.A administração de 40 mg de vitamina B6 ao dia restaura os níveis bioquimicos adequados da vitamina e aliviam os sintomas clínicos decorrentes do deficit de B6 nas mulheres que usam pílulas anticoncepcionais. Bermond P Acta Vitaminol Enzymol 4(12):45-54,1982.

 24-Estudo randomizado e controlado com placebo em 39 mulheres deprimidas que estavam usando pílulas anticoncepcionais mostrou que 19 (48.7%) apresentavam deficiência de piridoxina. A suplementação com vitamina B6 nestas mulheres melhorou o humor de 16 delas (84%) utilizando a metodologia da escala de depressão de Beck e tambem melhorou o humor em 8 em 20 (40%) das deprimidas sem deficit de B6.Não houve melhoria no grupo com ou sem deficit de B6 quando se empregou placebo. Adams PW Lancet 2: 516-17,1974.

 Uma observação muito interessante foi publicada em ótima revista de gastroenterologia sobre 12 pacientes com doença celiaca que não melhoraram da depressão após um ano da retirada do glutem da alimentação apesar da normalização do intestino delgado e que com a administração de 80 mg ao dia de piridoxina passaram de70 para 56 na escala MMPI para depressão (p<0.01), isto é houve normalização do quadro depressivo. Hallert C Scand J Gastroenterol 18(2):299-304,1983.


IV- Riboflavina Depressão e deficit de Riboflavina Durante 56 dias , 6 homens normais foram submetidos à restrição quase total de riboflavina na dieta e apresentaram significante aumento na escala MMPI para a depressão.Sterner RT Am J Clin Nutri 26:150-60,1973

V-Tiamina Depressão e deficit de Tiamina Nove homens jovens e normais foram colocados em dieta deficiente em tiamina.Em 2 meses 5 deles ( 55%) desenvolveram marcante depressão e irritabilidade. Brozek J. Am J Clin Nutr 5(2):109-20 , 1957

VI- Biotina Depressão e deficit de biotina Quatro pessoas normais receberam uma dieta deficiente somente em biotina. Após 10 semanas elas estavam deprimidas,cansadas,sonolentas ,com dores musculares e com nausea e anorexia. Tambem foi notado pele seca, anemia,aumento do colesterol e parestesias.Todos os sinais e sintomas foram aliviados com a suplementação de biotina. Sydenstricker VP JAMA 118:1199-1200,1940.

Apresentação de Caso.Um paciente sob alimentação parenteral total desenvolveu depressão juntamente com nauseas, vomitos, insonia, parestesias, dor de cabeça e letargia.A suplementação com biotina 300 mcg /dia ,restaurou ao estado prévio em 5 dias. Levenson JL J Parenter Enter Nutr 7(2):181-3,1983

VII- Depressão e deficit de Vitamina B12. A deficiência de vitamina B12 pode causar depressão mesmo na ausência de anemia . Zucker DK Biol Psychiatry 16:197-205,1981

VIII-Depressão e deficit de Vitamina C A depressão é o primeiro sintoma clínico do escorbuto.Depressão cronica,cansaço,irritabilidade fazem parte do quadro sub clínico do escorbuto. Hodges RE Am J Clin Nutr 24:432-43,1971.
25-Em estudo duplo cego , randomizado e controlado com placebo 40 pacientes psiquiatricos cronicos do sexo masculino receberam 1000 mg de ácido ascórbico ou placebo.Após 3 semanas houve significante diminuição do MMPI para depressão (p<0.01) somente no grupo com vitamina C. Sabe-se que, enquanto as pessoas normais se saturam em 1 a 2 dias com a suplementação com 1000mg / dia de vitamina C os pacientes em estado sub clínico de escorbuto demoram 7 a 10 dias para atingir a saturação.Neste estudo os pacientes psiquiatricos demoraram em média 6 dias para atingirem a saturação ,mostrando que se encontravam em estado sub clínico de escorbuto. Milner G Br J Psychiatry 109:294-99,1963.
Apresentação de Caso : Uma criança com depressão induzida pelo ACTH respondeu favoravelmente com ácido ascórbico intravenoso,50mg/Kg/dia. Cocchi P Pediatrics 65:862-63,1980

IX- Depressão e o Cálcio Tanto a hipercalcemia como a hipocalcemia podem estar associadas à depressão.

X-Depressão e o Magnésio Muitos pacientes com depressão de causa desconhecida apresentam redução dos níveis sanguineos de magnésio. Hall RCW JAMA 224:1749-51,1973.


XI- Depressão e o Rubídio 26-Em estudo duplo cego ,randomizado 28 pacientes deprimidos receberam 180mg /dia de rubídio ou 100mg /dia de clorimipramine .Após 30 dias o escore do grupo rubídio mostrou-se significantemente melhor .Não se observou efeitos colaterais. Calandra C Proc 34th Congress Italian Society ofPsychiatry Italy,1980.

XII- Depressão e L-5-Hidroxitriptofano ( L-5-HTP ) 27-Em estudo duplo cego, randomizado e controlado , 45 pacientes com Depressão Maior do tipo melancólico , satisfazendo os critérios do DSM - III ,após 10 dias sem drogas , receberam randomicamente : L-triptofano,5g ao dia ou L-5-HTP ,200mg ao dia em combinação com carbidopa 150mg/dia ( inibidor periférico da decarboxilase) ou placebo. Após 4 semanas o L triptofano foi somente levemente superior ao placebo , enquanto a L-5-HTP com carbidopa foi significantemente superior ao placebo e ao L-Triptofano . Van Praag HM Psychopharmacol Bull 20:599-602,1984.

XIII- Depressão e o L-triptofano . O L- triptofano é precursor da serotonina e a sua deficiência se relaciona com depressão e agressividade.Quando a dieta é pobre em triptofano ,aumenta o número de suicídios na população. Kitahara M Omega J Death Dying 18:71-76,1987.

28-Em trabalho duplo cego e cruzado,21 pacientes controlados da depressão (DSMIII) com antidepressivos , receberam dieta pobre em triptofano (160mg/dia) seguida de uma mistura de 16 amino- ácidos (para provocar depleção aguda de triptofano),de uma maneira duplo cega , cruzada e placebo controlada.Houve o retorno do quadro depressivo em 14 pacientes (66.7%) após a ingestão da mistura de amino-ácidos com gradual melhoria em 24-48 horas quando a dieta normal foi novamente introduzida.A mistura placebo não provocou quaisquer alterações.Os resultados sugerem que o efeito terapeutico de alguns antidepressivos dependem da disponibilidade de serotonina. Delgado,PD Arch Gen Psychiatry 47:411-18,1990

29-Young em trabalho de revisão,verificou que em 5 estudos duplo cegos o triptofano na dose de 3 - 9 g ao dia possui a mesma eficácia terapeutica que a imipramine. Outros estudos duplo cegos também chegaram à mesma conclusão com respeito à amitriptilina e a mianserina.O triptofano funciona melhor nos pacientes deprimidos que apresentam diminuição da razão plasmática entre o triptofano e os amino-ácidos que competem com o triptofano no transporte para dentro do cérebro. Young SN Nutrition and the Brain Vol:7 , New York , Raven Press ,49-88,1986.

XIV - Depressão e L- tirosina . A tirosina é precursora da dopamina, norepinefrina e epinefrina. 30-Em estudo duplo cego , randomizado e controlado, 5 pacientes livres de medicamentos e com depressão unipolar,foram suplementados com 100 mg/Kg/dia de tirosina,em doses divididas 3 vezes ao dia ou placebo. Observou-se redução de pelo menos 50 % na escala de depressão de Hamilton em 3 dos 5 pacientes enquanto com tirosina e em 1 em 4 enquanto com placebo.A redução do score de depressão se correlacionou positivamente com os níveis plamáticos de tirosina ( p < 0.01 ) ,sugerindo que uma adequada concentração de tirosina é necessária para obter-se a melhora.Não houve efeitos colaterais exceto irritação gástrica quando a tirosina era ingerida sem alimentos. Gibson CJ Adv.Biol.Psychiatry 10:148-159,1983

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Esquizofrenia tratada com minociclina , retirada de metais tóxicos do organismo e afastamento do glúten e proteínas do leite

  Artigo completo :http://medicinabiomolecular.com.br/biblioteca/pdfs/Biomolecular/mb-0757.pdf 

Por : Prof. Dr. José de Felippe Junior 

Caso clínico - 1: Esquizofrenia catatônica recente em jovem de 23 anos: drástica melhora após antibiótico Paciente com 23 anos,sem história de álcool, drogas ou convulsões.  Sem antecedentes  familiares de doenças psiquiátricas.Graduou-se em universidade e estava trabalhando quando começou com insônia e “nervosismo”.Tornou -se agitado e a falar sem coerência ,com delírio persecutório e ideação paranóide ( Tsuyosh - 2007). Tomografia cerebral, eletroencefalograma e ressonância nuclear magnética de encéfalo: normais. Desenvolveu alucinações auditivas, delírios persecutórios, excitação psicomotora, torpor catatônico e deterioração do comportamento social.Foi magníficamente rotulado com o nome “esquizofrenia catatônica” de acordo com o critério da DSM - IV (APA,1994). Veio o curto circuito cerebral , aquele que surge na cabeça do médico ao se efetuar o famoso e pomposo  DIAGNÓSTICO. Tudo resolvido, pois, agora é só seguir o curto - circuito e como o  diagnóstico foi “psicose” nada mais correto do que receitar um “anti-psicótico” , na mais  brilhante medicina do “anti” .O paciente tem “ uma coisa ” o médico  receita uma “ anti -coisa ” (Walter Edgard Maffei) : Haloperidol .Porque o médico não procura saber a causa das doenças? Paciente com 23 anos e de uma hora para outra vem uma esquizofrenia? Onde estão os antecedentes pessoais recentes? Houve intoxicação com metais pesados ou agrotóxicos? Existem outras substâncias agindo no cérebro deste menino? Pois bem,por sorte o paciente ficou tão inerte após o antipsicótico que adquiriu uma pneumonia.Tratado com minociclina (150mg, 2x/dia) e que por sorte atinge bactérias sem parede melhorou da pneumonia e da esquizofrenia. Ao parar o antibiótico voltaram os sintomas  psiquiátricos em 1 semana. Melhorou em 3 dias após retornar com a minociclina.Conclusão: a causa dos sintomas se encaixavam naquilo que aprendemos na Escola:esquizofrenia.Entretanto, uma infecção/inflamação no lobo temporal provoca os mesmos sintomas.No caso o paciente provavelmente foi acometido por infecção ,não detectada na  anamnese, a qual provocou os sintomas psicóticos. Medicina não pode ser feita  primeiramente com um especialista.O paciente sempre deve passar por um clínico geral para que este afaste a possível causa ou causas das doenças.No Brasil atualmente (maio /2014) ,este médico é o clinico biomolecular


Caso clínico - 2: Esquizofrenia catatônica antiga em senhor de 61anos: drástica melhora após antibiótico Paciente com 61 anos, solteiro , com diagnóstico de esquizofrenia desde os 20 anos de  idade. Apresentava insônia e alucinações auditivas.Durante a sua vida foi hospitalizado 5 vezes , a última internação durando 4 anos quando deteriorou muito complicando o quadro com estado autista.  Tomou haloperidol e risperidona ( Tsuyosh - 2007). Tomografia, RNM e EEG: normais.Aos 61 anos apresentou excitação psicomotora, torpor catatônico e negativismo. Complicou com úlcera de de cúbito e recebeu minociclina 150mg  2x ao dia. Após 15 dias foi suspensa a minociclina e o paciente em 1 semana piorou muito  dos sintomas psiquiátricos. O antibiótico foi reintroduzido e houve melhora em 3 dias.  Mais 15 dias de antibiótico e o paciente estava livre de sintomas mentais. As drogas anti - psicóticas foram reduzidas. Após 1 ano continuava sem sintomas psiquiátricos com  metade da dose da minociclina e grande redução dos anti -psicóticos.Conclusão: este paciente sofreu muito até chegar o dia de iniciar o antibiótico, por motivos outros.Não acredito em Karma.Acredito que a ignorância é um pesado fardo que fica  mais leve enquanto aprendemos, mas ,neste caso infelizmente o peso todo ficou nos ombros do paciente.Não podemos nos contentar em rotular o paciente com um carimbo na testa sem antes estudá-lo. Toda doença tem causa.Não há efeito sem causa na Física, na  Química e na Biologia.

Caso clínico - 3:  Quadro de esquizofrenia em encefalite por Micoplasma pneumoniae.Paciente com 9 anos de idade apresentou quadro clínico de psicose esquizofrênica logo após infecção por Micoplasma pneumoniae,que provocou encefalite.Antibióticos sanaram o processo (Gilbert - 1980) .

Artigo completo : http://medicinabiomolecular.com.br/biblioteca/pdfs/Biomolecular/mb-0757.pdf